segunda-feira, 28 de junho de 2010

Guardas da RPT investem em efetivo feminino


Guardas da RPT investem em efetivo feminino


De mansinho as mulheres vêm conquistando espaço nas corporações de segurança e as guardas municipais são um exemplo da necessidade dessa força que não dispensa um batonzinho. A cada ano aumenta o número de guardas femininas na RPT (Região do Polo Têxtil), reflexo da boa atuação e do aumento de atividades que só podem ser feitas por elas. E já há até secretário de Segurança achando que tem poucas mulheres na corporação.

A Segam (Serviço de Guarda Municipal de Nova Odessa) foi a pioneira na RPT a formar um efetivo feminino, em 1994. Entretanto, hoje é a cidade com menos guardas mulheres: apenas quatro.

Hortolândia também já conta com mulheres há mais de 15 anos, somando 19 atualmente. No município, uma lei determina que elas representem 30% do efetivo da guarda municipal.

Santa Bárbara d'Oeste entrou na onda feminina em 2003, quando contratou oito mulheres. Ali, as pioneiras tiveram que enfrentar o machismo dos próprios colegas, mas hoje a convivência é totalmente harmônica. "Toda corporação é meio machista, porém elas já conseguiram conquistar seu espaço", confirmou o comandante da Guarda Civil Municipal de Santa Bárbara d'Oeste, Joel Soares.

Que o diga a guarda Elisângela Abreu de Cambra, 36. "Eles achavam que a gente poderia ser útil no máximo pilotando o fogão", brincou ela, recordando o preconceito enfrentado há sete anos. "Também eram 110 homens e apenas oito mulheres!", comparou.

Mas a situação mudou e melhorou tanto que hoje elas dividem a viatura em pé de igualdade. Elisângela, por exemplo, faz patrulhamento de motocicleta. O que ela não acha nem um pouco ruim, pois adora moto. "Sou a primeira agente de trânsito de Santa Bárbara. Me apaixonei pela profissão", assume.

Agora a cidade já conta com 15 guardas femininas e aguarda a chegada de mais três. "Tenho guardas com quem contaria plenamente porque mostram alta capacidade de resposta", elogiou o secretário de Segurança de Santa Bárbara, Paulo Jodas, que ainda se surpreende com aquelas que não se intimidam e até correm atrás de ladrões.

A maior qualidade delas, na opinião de Jodas, é ter sensibilidade e percepção, que geralmente não são comuns aos homens. "Elas têm versatilidade. Você pode utilizá-las em outras ações como a presença nas escolas", comentou.

Fundamentais

E hoje elas se tornaram fundamentais, tanto para abordar e revistar mulheres suspeitas, como para desenvolver atividades relacionadas ao público feminino e infantil. Em Sumaré, por exemplo, já falta mulher para auxiliar nas operações policiais. A maior parte do efetivo feminino da guarda atua na Casa Lar, onde faz a segurança de mulheres vítimas de violência doméstica. Mas há outras operações que também precisam delas. "As operações de fiscalização também necessitam de mulher. O ideal, por exemplo, seria enviar uma mulher para atender aos chamados do Conselho Tutelar. Nada melhor que uma presença feminina para a vítima se abrir", observou o secretário de Segurança de Sumaré, Mauro Jorge Cegantin, esperançoso em conseguir contratar as sete candidatas que estão em processo de treinamento, apesar de só ter vagas para cinco. "Elas põem muito homem no baile", brincou.

Gama está na lanterna das contratações femininas

Enquanto as cidades só ampliam o efetivo feminino, a Gama (Guarda Municipal Armada), em Americana, dá os primeiros passos no setor. Dos 70 guardas convocados por concurso público neste ano, 20 são mulheres. Elas estrearão o Primeiro Batalhão Feminino de Americana em setembro. E a expectativa é chamar outras dez em 2011.

Além de ter que superar a questão cultural de não ter mulheres nas guardas, ainda é difícil encontrar candidatas que correspondam ao perfil exigido. Segundo o secretário de Segurança de Sumaré, Mauro Jorge Cegantin, a Guarda Municipal teve mais de 200 inscritas para o último concurso, mas só sete se classificaram. "Falta qualificação", reconheceu.

Outro fator que influencia na baixa participação é o desinteresse feminino. Em Nova Odessa a assessoria de imprensa da Prefeitura informou que o interesse feminino nos concursos da Segam é mínimo. "Ainda não há manifestação delas em ser guardas e policiais", confirmou Cegantin, lembrando que a exigência física também pesa, limitando a idade para tentar uma vaga. "A não ser que seja uma atleta, ela pode tentar ser guarda até 30, 34 anos de idade", afirmou.

Pequenas ou não, guardas se impõem

A paixão da guarda municipal Magali Inácio de Alcântara, 24, é patrulhar Sumaré. Há oito meses na corporação, ela não quer nem saber de atuar no setor administrativo. "Gosto de tudo, mas é com o serviço de ocorrência, furto, roubo, perseguição, que me identifico mais", confessou, achando bom ter gente que gosta do trabalho burocrático.

Se precisar correr atrás do suspeito, não tem problema, Magali está preparada. Para garantir a forma com seus 1,63 metro de altura, ela pratica corrida e musculação. "Tem que fazer porque eu, pequena, se não fizer não pega ninguém", disse, achando graça.

Difícil é fazer os suspeitos machistas entenderem que ela é uma autoridade e eles precisam obedecer. O preconceito nas ruas é recorrente. "Já fui fazer abordagem e o cara continuou andando. Só depois que o colega falou ele parou", lembrou, dizendo que às vezes precisa mesmo engrossar a voz. "Mas acabam respeitando no final", garantiu.

Para a guarda barbarense Elisângela Abreu de Cambra, o segredo é não ter medo. "Com o tempo você tira de letra", contou.

O que elas nunca mudarão é a feminilidade. Batom e lápis andam junto com a arma. "A gente já fica aquela coisa meio macho por causa da farda, do coturno. Então nem um brinquinho pode faltar", disse ela, rindo de si mesma.

Carreira

Apesar do pouco tempo de carreira, Magali tem planos de crescer dentro da Guarda Municipal de Sumaré. Afinal, não engajou na corporação por falta de opção. Muito pelo contrário, sempre planejou uma carreira no setor de segurança. Independente da opinião da família. "Minhas irmãs acham que sou maluca", contou, rindo.

Mas segundo a guarda, é preciso se identificar com a profissão. "Acho que umas 60% das mulheres têm medo", calculou, destacando que o trabalho em escala também espanta a mulherada. "É uma das coisas que impede a mulher casada, pois o marido não aceita. Tem que trabalhar à noite, junto com homens e tal", observou.

Mas ela está tranquila, no momento seu único compromisso é com a Guarda. De dia ou de noite.




Fonte:O Liberal

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